Tem-se refletido bastante sobre o processo criativo recentemente. Quando se fala sobre “criatividade”, as pessoas geralmente se colocam em uma das duas categorias – criativas ou não criativas. É sempre curioso – e um pouco cético – quando pessoas que se consideram criativas afirmam que não têm um processo criativo. Que as ideias “simplesmente surgem” para elas. Não se acredita nisso. Não se pode deixar de perguntar se as ideias realmente surgem assim, ou se elas refinaram e simplificaram seu processo a tal ponto que nem mesmo o reconhecem como um processo. E se realmente há um processo, alguém que acha que não é criativo pode seguir uma série de etapas que podem ajudá-lo a se tornar criativo? A verdade é que todos têm potencial criativo.
Ao longo dos últimos cem anos, os pesquisadores chegaram a um grau surpreendente de consenso sobre os estágios previsíveis de pensamento criativo. Em geral, no contexto da criatividade individual, reconhece-se a existência de cinco etapas para a criação de algo: Preparação, Frustração, Incubação, Inspiração e Elaboração. Neste artigo vamos conhecê-las.
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Etapas do Processo Criativo
Graham Wallas (1858-1932), um psicólogo social inglês e co-fundador da London School of Economics, dividiu o que hoje se chama de “processo criativo” em etapas distintas em seu livro “The Art of Thought – The Model of Creativity”, escrito em 1926. Recentemente, sua abordagem tem sido descrita em várias fontes, mas poucas parecem dar o devido crédito ao material de origem, apresentando essas ideias como se fossem originais. Portanto, Graham Wallas – este é um tributo a você, com nossa gratidão.
Preparação
A Preparação é a fase inicial do processo criativo. Envolve a identificação do problema ou desafio e a coleta de dados. Durante esta etapa, o indivíduo explora todas as possíveis soluções, que podem parecer desconexas e desorganizadas. Para um fotógrafo, por exemplo, a Preparação pode incluir a pesquisa sobre técnicas fotográficas, a exploração de trabalhos de outros artistas e a coleta de inspirações visuais. Embora essa etapa possa parecer simples, ela estabelece a base essencial para o desenvolvimento do processo criativo.
Frustração
A Frustração é uma etapa frequentemente negligenciada, mas fundamental para o processo criativo. Nesta fase, a visão de todas as alternativas pode resultar em um impasse, caracterizado por confusão, caos e tensão. Esses sentimentos são indicadores de que o indivíduo está realmente mergulhando na questão e desafiando o pensamento convencional. Embora a Frustração possa ser desconfortável, ela é uma parte saudável e necessária do processo criativo, pois ajuda a esclarecer o problema e a encontrar soluções mais criativas.
Incubação
Durante a Incubação, o problema é processado de maneira mais indireta. Esta fase é marcada por um período de reflexão passiva onde o subconsciente continua a trabalhar sobre a ideia. É quando as primeiras pistas da solução começam a se formar, muitas vezes sem uma estrutura clara. As melhores ideias frequentemente surgem quando o indivíduo está envolvido em atividades não relacionadas, como um banho ou uma caminhada. A Incubação permite que a mente se afaste do problema e encontre novas perspectivas.
Inspiração
A Inspiração, ou Iluminação, é o momento em que a solução para o problema surge de maneira clara e compreensível. É o famoso momento “A-hah!” em que as ideias se alinham e se tornam compreensíveis. Este momento é frequentemente caracterizado por uma forte necessidade de expressar a ideia em seu meio escolhido – seja em fotografia, pintura, escrita, entre outros. A Inspiração pode ocorrer em momentos inesperados, como durante um banho ou à noite, e é importante capturar essas ideias assim que surgem.
Elaboração
A Elaboração é a fase onde a ideia se torna tangível. Envolve a execução da ideia e a criação do trabalho final. Para cientistas, isso pode significar a realização de experimentos em laboratório; para pintores, a pintura em tela; para escritores, a redação de um texto. Embora a Elaboração permita que a ideia se manifeste, não garante seu sucesso. A avaliação e o ajuste são essenciais, e o produto final pode nem sempre corresponder à visão inicial.
Conclusão
O processo criativo não segue um fluxo linear, mas sim uma jornada com etapas interligadas e muitas vezes sobrepostas. Cada fase – Preparação, Frustração, Incubação, Inspiração e Elaboração – desempenha um papel crucial na transformação de uma ideia em uma realização criativa. Reconhecer e entender essas etapas pode ajudar qualquer pessoa a aprimorar seu próprio processo criativo, independentemente de se considerar naturalmente criativa ou não. A criatividade é um potencial presente em todos, e compreender o processo pode ser o primeiro passo para desbloqueá-la e utilizá-la de forma mais eficaz.