Rui Palha: o fotógrafo português

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Palha, cuja obra é marcada pela captura autêntica e poética do cotidiano urbano, compartilha com profundidade a sua visão sobre a arte da fotografia, a influência de sua cidade natal e a conexão emocional que permeia suas imagens. Desde suas caminhadas diárias pelas ruas de Lisboa até suas viagens internacionais, Palha oferece um vislumbre de como sua prática fotográfica é moldada pela experiência pessoal e pela cultura rica da cidade. Acompanhe-nos nesta jornada pelo universo de Rui Palha e descubra como ele captura a essência humana e a beleza intrínseca do cotidiano através de sua lente.

O QUE VOCÊ VAI APRENDER NESTE ARTIGO:

Fotografia como Vocação

Para Rui Palha, a fotografia vai além de uma simples paixão; ela é uma forma de vida. Após uma aposentadoria antecipada devido a problemas de saúde, Palha mergulhou na fotografia como uma nova vocação. Ele se dedicou ao trabalho de rua, caminhando extensivamente com sua câmera para capturar o cotidiano de forma única. “A fotografia é a principal razão pela qual estou neste mundo”, afirma. Mesmo com a idade avançada, Palha mantém um ritmo intenso em suas viagens, explorando cidades como Hanói e Bangkok a pé, por até trinta quilômetros diários.

Lisboa: O Palco da Fotografia

Lisboa, com sua luz especial e ruas que criam reflexos encantadores, é o cenário predominante das imagens de Palha. No entanto, ele ressalta que o foco principal em seu trabalho é o ser humano. “Fotografo onde encontro pessoas”, diz ele. A beleza da cidade é um bônus, mas a presença das pessoas é fundamental. As caminhadas diárias de Palha pelas ruas de Lisboa resultam em interações significativas e na entrega de fotos impressas aos retratados.

Capturando a Vida Urbana

O trabalho de Palha nas ruas de Lisboa exige uma abordagem cuidadosa e respeitosa. Ele acredita que a habilidade de se conectar com as pessoas e mostrar respeito é crucial para obter boas fotografias. “Se você se comunicar diretamente e respeitar os outros, conseguirá capturar momentos valiosos”, aconselha. Em comparação com outras grandes cidades como Paris e Londres, Lisboa exige uma abordagem mais pessoal e respeitosa.

Emoções e Pressão na Fotografia de Rua

Para Palha, a prática da fotografia de rua é repleta de emoções variadas. Ele descreve uma mistura de concentração, prazer e pressão. “À medida que o tempo passa, a exigência consigo mesmo aumenta”, ele comenta. A busca pelo momento perfeito é constante, e, muitas vezes, isso leva a dias em que nenhuma foto parece satisfatória. A pressão e a concentração são parte integral do processo criativo.

Poética e Saudade nas Imagens

A fotografia de Palha é frequentemente descrita como poética e imbuída do sentimento de “saudade”. Esse sentimento é profundo na cultura portuguesa e, para Palha, reflete-se em seu trabalho. “A saudade é um sentimento histórico e profundo”, ele explica. A busca pela beleza e pela essência das pessoas pode transmitir essa emoção em suas imagens, que muitas vezes capturam a alma dos sujeitos retratados.

Influências e Referências

Embora a influência de Henri Cartier-Bresson e seu conceito de “momento decisivo” seja evidente em seu trabalho, Palha também admira fotógrafos contemporâneos como James Nachtwey e Sebastião Salgado. No entanto, ele não se sente diretamente influenciado por outros fotógrafos de rua atuais. “Não tenho um fotógrafo contemporâneo específico como referência”, afirma. Palha critica algumas abordagens modernas da fotografia de rua, como o trabalho de Bruce Gilden, preferindo focar em suas próprias práticas e estilo.

A Transição do Analógico para o Digital

A mudança do analógico para o digital foi um desafio significativo para Palha. Ele lembra da dificuldade inicial com as câmeras digitais e a diferença em relação ao trabalho em laboratório. “Foi complicado”, diz ele. No entanto, ele se adaptou e hoje utiliza câmeras digitais para suas fotografias, preferindo não utilizar smartphones, apesar de respeitar a sua utilização em exposições. “Trabalho com câmeras tradicionais e não sinto a necessidade de smartphones”, explica.

Abordagem e Conexão com os Sujeitos

Palha compartilha suas técnicas para se aproximar de seus sujeitos. Às vezes, ele precisa ser discreto para capturar momentos autênticos, enquanto em outras situações, estabelece uma relação amigável com as pessoas antes de fotografá-las. “A conexão com os sujeitos é essencial”, ele observa. Ele utiliza lentes com curtas distâncias focais para estar mais próximo dos indivíduos e conseguir uma conexão verdadeira.

Conclusão

Rui Palha exemplifica como a fotografia pode ser uma forma de vida e uma maneira de capturar a essência humana e a beleza do cotidiano. Sua abordagem respeitosa e sua paixão por capturar a realidade das ruas de Lisboa demonstram o poder da fotografia como meio de expressão e conexão humana. A poética da saudade e a busca incessante pelo momento perfeito fazem de seu trabalho uma inspiração contínua.

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